quarta-feira, 27 de maio de 2020

40' ENA! FILMES... A REVISTA (in, FLIPBOARD)

40' ENA! FILMES

O CINEMA EM TEMPOS DE CÓLERA


Artigo Introdutório à Participação das Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas Emídio Navarro na Revista “Bibliotecas Escolares de Almada – Estamos On - nº1/2020”


Tim Burton, famoso realizador californiano, autor de filmes como “Eduardo Mãos-de-Tesoura”, “O Estranho Mundo de Jack” ou o mais recente “Dumbo”, disse o seguinte a respeito do cinema:


Os filmes são, para mim, como uma forma muito cara de terapia.

Muito cara, suponho eu, porque as grandes e arrojadas produções de Burton, seja no campo da animação, seja na longa-metragem ficcional, a isso obrigam; para mim, um mero espetador de sala, auditório, cineteatro ou sofá, parece-me uma terapia muito em conta, isto se se avaliar convenientemente a relação custo-benefício. Um exemplo:

Sai-se de um terrífico dia de aulas, um daqueles em que, intimamente, colocamos em causa a utilidade do esforço que fizemos durante as oito ou nove horas de trabalho dessa jornada e estamos com a nossa autoestima nivelada pela sarjeta. Então, por apenas 3€, temos a oportunidade de nos sentarmos numa cadeira do Auditório Fernando Lopes-Graça para assistir ao filme “Entre Les Murs” (A Turma), do Francês Laurent Cantet. Durante duas horas a nossa perceção da realidade transfigura-se. Comparativamente à realidade das escolas francesas, as dificuldades comportamentais vividas numa qualquer EB da Cova da Piedade rapidamente se transformam em algo idílico. Em apenas 120 minutos de evasão (das problemáticas da nossa vida particular), as vidas dos outros - para as quais o cinema nos transporta -, são psiquiatria barata, medicação sem efeitos secundários, psicanálise a preço de saldos. A cura para a infelicidade (ou, pelo menos, para o aborrecimento), ali, projetada na tela, e por uma real pechincha!





Na minha opinião, hoje, mais do que nunca, pelos difíceis tempos que vivemos, o cinema apresenta-se como a terapêutica ideal para conseguirmos ultrapassar as adversidades com que nos deparamos todos os dias: por um lado, permite-nos raros momentos de abstração e evasão face às imagens, notícias e números da pandemia que nos assola; por outro lado, surge como uma ferramenta de trabalho ao serviço da educação, mais propriamente no auxílio às tentativas de ensinar à distância. Deste modo, o Plano Nacional de Cinema (PNC), que surgiu como um plano de literacia para o cinema com o principal objetivo de divulgar obras cinematográficas  nacionais junto do público em idade escolar (desenvolvendo nas crianças e jovens o hábito de ver cinema e, indo mais longe, de ver o cinema enquanto arte), no presente momento serve ambos os intentos acima referidos. Se apenas temporariamente (espera-se!) o PNC abandonou o objetivo de levar o público mais jovem a usufruir da sétima arte nos espaços realmente dotados para tal (nas grandes salas, auditórios, cineteatros, cinematecas, ...), apropriou-se agora de nova missão em face das contingências atuais: divulgar a partilha de recursos fílmicos no domínio público, visando incentivar os mais novos, mesmo em casa, à fruição cultural do cinema de património e de autor. E, claro está, facilitar a oferta de curtas e longas oportunidades de se rebentar de emoção.

No Agrupamento de Escolas Emídio Navarro, é a equipa das Bibliotecas Escolares quem tem a seu cargo a coordenação e dinamização do PNC. Portanto, logo que as escolas foram encerradas, tentou-se promover o cinema, tanto ao jeito de ferramenta pedagógica, como de instrumento terapêutico. Este trabalho, pelas mais diversas e confinadas razões, está longe dos resultados desejados e encontra-se muito aquém do ideal de uma prática pedagógica de excelência. Com muitas dificuldades neste caminho/processo, já se trataram e abordaram as seguintes temáticas e ferramentas e já se dinamizaram as seguintes atividades (das quais se poderão ver exemplos na publicação no Flipboard): articulação com a equipa nacional do PNC; cinema de animação; cinema nas redes sociais; listas de filmes; facilitação no acesso a links, programações, trailers, informações; os filmes dos livros; cinema-jogo no Kahoot!; filmes no Padlet, ...

Chega de conversa, por agora, que o texto já vai longo, e, tal como disse mestre Hitchcock,





“A duração de um filme deve ser diretamente proporcional à necessidade humana de ir à casa de banho.”



Corta!


Pedro Campos 
(26 de maio de 2020)

Sem comentários:

Enviar um comentário